quarta-feira, novembro 14, 2007

Quereres

"O quereres e o estares sempre a fim do que em mim é de mim tão desigual. Faz-me querer-te bem, querer-te mal, bem a ti, mal ao quereres assim. Infinitivamente pessoal, e eu querendo querer-te sem ter fim. E querendo te aprender o total do querer que há e do que não há em mim"
[Caetano Veloso]

Riobaldo

"Sempre sei, realmente. Só o que eu quis, todo o tempo, o que eu pelejei para achar, era uma só coisa- a inteira- cujo significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma receita, a norma dum caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver- e essa pauta cada um tem- mas a gente mesmo, no comum, não sabe encontrar; como é que, sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber?"
[Grande Sertões Veredas - J. Guimarães Rosa]

sábado, agosto 04, 2007

Títulos. Por que eles são tão importantes?

Se tem uma coisa que eu não sou boa é em escrever títulos. E é incrível como ele é peça fundamental de um texto. É exatamente aquilo que vai te dizer se é ou não interessante ler aquele texto. Por mim nenhum texto teria título. Escrevo o texto em dez minutos e o resto do tempo é pensando em que nome irei dar a ele. Pra que nome? Nome é uma coisa muito pessoal. Veja bem, uma mãe olha para cara da criança recém nascida e decide, movida por uma razão obscura, que a aquele pequeno ser vai se chamar Eudorico José. A criatura vai ter que carregar esse título, essa praga o resto da vida. O mesmo penso em relação aos nomes que damos aos texto. Movidos por uma razão inexplicável escolhemos o título que iremos dar ao nosso recém parido texto. Se o nome for bom, ótimo. Parabéns para você. Agora, se for péssimo. O pobre do texto está condenado, assim como Eudorico José, a carregar essa fardo e ser lembrado como o “texto de nome horrível”. Sou contra. Se o texto tivesse oportunidade de falar, deixaria-o escolher a melhor de ser chamado. Mas como eles precisam de mim. Coitados, sofrem calados.

sexta-feira, agosto 03, 2007

Oh Coração

Oh coração, por que és tão confuso? Inexplicável para mim? Me diz quanto tempo mais sentirei-me assim, perdida, iludida? Não existem mais ilusões a serem sofridas. As decisões já foram esclarecidas. Novos caminhos já foram traçados. Mas me diz, por que ainda sinto esse vazio? Essa esperança? E essa dor no peito? Vai passar?
Me liberta dessa dor, desse vicio. Desse desejo continuo. Das noites mal dormidas. Das lagrimas perdidas. Me traz a cura, o remédio, a solução para essa doença. Me traz uma nova paixão.

quinta-feira, agosto 02, 2007

Charles Bukowski

"...sabia que tinha alguma coisa fora do lugar em mim. Eu era uma soma de todos os erros: bebia, era preguiçoso, não tinha um deus, idéias, ideais e nem me preocupava com política. Eu estava ancorado no nada, uma espécie de não-ser. E aceitava isso. Eu estava longe de ser uma pessoa interessante. Não queria ser uma pessoa interessante, dava muito trabalho. Eu queria mesmo um espaço sossegado e obscuro para viver a minha solidão. Por outro lado, de porre, eu abria o berreiro, pirava, queria tudo e não conseguia nada. Um tipo de comportamento não se casava com o outro. Contudo, pouco me importava..."

segunda-feira, julho 23, 2007

Saber ler

Outro dia conversando com umas amigas descobrir que não sou a única que fica pensando sobre o fardo que é saber ler.
Mesmo sem querer, nós lemos.
Tente andar na rua e não ler os outdoors, folhear uma revista e não memorizar alguma daquelas palavras.
Tente não ler o adesivo do carro parado na frente do seu. O cardápio em cima da mesa. O letreiro do puteiro.
Tente não ler livro do cara que está sentado ao seu lado no ônibus. A carta que sua amiga recebeu e mesmo se esforçando para você não ler, ela acaba vacilando e você passa a vista.
É impossível.
Decididamente impossível.
Estamos condenados até a morte à leitura.

domingo, julho 22, 2007

Descansar

"Eu quero encontrar a minha paz
Que eu já não sei dos perigos
que essa vida me traz...
Só sei que a gente inventa amor,
e dor e tudo que nos satisfaz..."
[canto dos malditos na terra do nunca]

quinta-feira, julho 19, 2007

Sobre o amor

"Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, se veste bem e é fã do Caetano. Isso são referências, só. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos tem às pencas, bons motoristas e bons pais de família, está assim, ó. Mas só o seu amor consegue ser do jeito que ele é."

Martha Medeiros

quarta-feira, maio 09, 2007

Litlle Miss Sunshine


Segundo o mini dicionário Aurélio, uma das definições para a palavra família é “conjuntos de tipos com as mesmas características básicas”. Segundo algumas pessoas, a palavra família tem além de seu significado um peso e uma força muito grande em cima das pessoas. É possível abstrair e perdoar erros de alguém, pelo simples fato dele ser da sua família. É comum ouvir pais, mães, irmãos dizerem aos outros “esquece isso, ele é seu pai/ irmão/ tio”.
O que seria um exemplo de família perfeita? Seria aquela sem brigas, conflitos, onde as pessoas sorriem o tempo inteiro para as outras e nunca as magoam? Ou seria justamente o contrario? A família perfeita não seria aquela onde cada individuo que a compõem tem características próprias, vontades e manias? Que se incomodam com o jeito do outro, que condena certos gostos? Mas, que a pesar de todas as diferenças tem um momento só deles, onde as diferenças são deixadas de lado e o momento é apreciado sem moderação? Onde ali, naquele momento, é possível perceber, que por trás de tantas diferenças, na verdade, eles são tão iguais? Seria essa a verdadeira família?
Em “Litlle Miss SUNSHINE” o modelo de família apresentado é de uma família onde os indivíduos estão tão ocupados em conquistarem seus objetivos, seja em vira piloto da força aérea americana, para isso fazer voto de silêncio, seja, escrevendo nove passos para se obter o sucesso, mesmo sendo nitidamente um fracassado, seja cheirando heroína para chamar atenção e mostrar que não é necessário um asilo. Todos estão tão ocupados com suas vidinhas, que esquecem de olhar para o lado, até que a pequenina Oliver é chamada para participar de um concurso de Miss.
O tio suicida, o irmão mudo, o avô drogado, o pai obcecado pelo sucesso e uma mãe neurótica por verdade vêem suas vidas darem uma guinada dentro de uma Kombi velha. Percebem a necessidade da união e o poder de um sonho. Percebem também como é bom existir a liberdade para ser quem você é e poder conviver e ser uma família feliz.
“Litlle Miss SUNSHINE” é como uma tapa na cara, sutil, doce e engraçado. Mas nos faz pensar em conceito de família, até que ponto estamos dispostos a dividir nossas vidas como pessoas que não escolhemos, simplesmente fomos impostas a aceitá-las. Nos faz entender que diferenças fazem parte desse difícil conjunto que é um lar familiar, mas, que nenhuma dessas diferenças superam o laço de sangue.
O filme é vencedor do Oscar 2007, com o melhor ator coadjuvante “Alan Arkin” e melhor roteiro original “Michel Arndt”. O elenco do filme é composto por Greg Kinnear, (pai), Steve Carell (tio suicida), Tomi Collette (a mãe), Paul Dano (o irmão mudo), Alan Arkin (o avô drogado) e finalmente a pequena Abigail Breslin, que é o fio condutor dessa estória. O titulo do filme em português é “Pequena Miss Sunshine” e encontra-se disponível em todas as locadoras do Brasil.









fotos tiradas do google imagens
Texto: Mariana Riccio

De volta?

Abandonei por meses esse blog. Pretendo retomá-lo.
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Até breve!