terça-feira, março 28, 2006

fatos reais

Fim de aula. Tenho que me apressar pra não perder o ônibus para o trabalho. Resolvo ir por um caminho diferente. Vou pensando na vida, pensando que semana que vem completo 21 anos, imagine se algo me acontece e não chego aos 21? Tenho que atravessar a Paralela, não estou na faixa, mas o sinal fechou, não posso perder essa oportunidade. Atravesso. Continuo andando, ainda tenho outra parte para atravessar.

Quando chego à outra faixa vejo meu ônibus, “Portão”, passando. Merda! Atravesso. Um minibus “Vilas do Atlântico”, não gosto desse ônibus, não devia entrar. Entrei. Merda! Sento ainda brigando comigo. Ônibus ia seguindo o seu percurso normal. Alguém puxa a cordinha, o ônibus para no Parque de Exposições. O menino desceu. O “motô” arrasta.

Um grito. Um tiro. É assalto. Como? Assalto. Todo mundo em pânico. Três ladrões e um passageiro gritando que ia morrer. Terror. “Quem esconder coisa vai levar tiro, tiro na cabeça. Na ca-be-ça.” Ninguém duvida. Medo. Na hora o nervoso. Tirar ou não tirar as coisas da bolsa? O celular que tem três dias de uso. O dinheiro no bolso. Corro para o fundo do “buzu”, “senta aqui!! Vem!”, me diz a menina. Sento. Me abaixo. Tremo. Tremo muito.

O ladrão se aproxima. “Todo mundo passando tudo!!! Bora!!!” ele me viu, e agora? “E você, ta escondendo a bolsa é? Ta escondendo ‘as coisa’??”, “não moço, não”, “abra a bolsa ai pr’eu ver, abra ai, e já sabe, né? Se tiver ‘escondenu’ vai levar tiro na cabeça”. Abro a bolsa em pânico. “Vou morrer”. Ele não viu o celular. Ufa! Abro a carteira. Nada dentro. “Você não tem nada? Na-da?”. Pronto, vou morrer agora porque não tenho nada’. Abro a mão, meu vale transporte. “Bota aqui, BORA, rápido, coloca o vale aqui!” Não penso duas vezes, largo o vale. Mais medo!
Eles mandam o ônibus entrar em Stella Maris. Vão matar todo mundo, pensei. “Para o ônibus motô, para!!!”, os ladrões descem. “vão em frente e não pare! Não pare!”, diz um dos assaltantes. O motorista segue. “O homem morreu!”, gritou um cara no fundo do ônibus. Desespero. Um homem morto. Choro. “Toca pro hospital, motô!!”, gritava todo mundo dentro do ônibus. Choro. Choro. Chegamos no hospital. Alivio. Mas o nervoso ainda tomava conta de todos. Acabou. Um sedativo. Dois sedativos. Não adianta. O medo, o pavor ainda estavam comigo. Ainda está comigo.
[aconteceu ontem, 27/03, às 13 horas.]
[não peguem minibus vazio!]

2 comentários:

Anônimo disse...

foda isso mari... =/
mas pelo menos deu tudo certo no final, né?
=]
bjoosss girl!

Anônimo disse...

Mari esse seu texo menina!!! ehhhh 100% surf. um abraço
Jhon Travolta e Batman